Bach será lembrado nos próximos 300 anos?

Um ensaio sobre o Natal e a livre expressão artística.

Em 1723 Johann Sebastian Bach apresenta Jesus Alegria dos Homens, na Alemanha, uma composição¹ musical magnífica. Até hoje, amplamente conhecida. Livre expressão artística e genialidade inspirada em Jesus Cristo e em louvor a Ele.

Não havia internet, redes sociais nem aplicativos de música, nem mesmo rádio ou televisão. Na época de sua apresentação eram necessárias pessoas que a interpretassem de modo que o público em geral pudesse ouví-la. Ainda assim, ela é uma da mais populares músicas da humanidade. E não parecem haver limites para que esta obra cultural continue lembrada e executada ao longo dos anos.

Em 2019 um grupo humorístico apresenta especial de natal em formato de filme, no Brasil. Trata-se de uma composição teatral de sucesso. Livre expressão artística de uma paródia da história de Cristo, na qual seus principais personagens são satirizados em uma série de ofensas e humilhações que eliminam a santidade, amor e a verdade, tanto do relacionamento de Jesus com sua família quanto do seu plano de salvação. O enredo da produção humorística ainda sugere um relacionamento sexual entre Deus e Maria, uma ameaça de estupro de Deus a José, um ambiente familiar onde Jesus foi enganado durante 30 anos e Jesus resistente ao seu propósito, seduzido por desejos sexuais. As sucessivas investidas contra a vida de Cristo, relembram um episódio semelhante, ocorrido com o próprio Jesus à cerca de 2000 anos. Mas é importante lembrar, que da mesma forma como aconteceu no passado, esta produção ocorre debaixo da proteção da lei. Mais do que isso, hoje, a constituição democrática garante toda a liberdade aos autores, e sob este contrato social eles são inculpáveis.

Tal qual a composição de Bach, nesta, teatral, não há limites para sua popularidade. Não há censura. Ambas tem como foco Jesus, mas as semelhanças terminam aí. Enquanto uma é um louvor, a outra é uma sátira. Uma nos relembra da esperança que temos em Jesus pela fé. A outra desconstrói o valor de Jesus, em favor dos que em pleno direito escolhem não crer.

Sob o direito da descrença, Jesus é mais um qualquer, e assim, sob Ele recai a tolerância da igualdade. Jesus pode então ser desconstruído como Buda, Krishna, Alá, etc. Mas essa igualdade é uma falácia. Independente da opinião ou expressão de qualquer um, Jesus é o único Deus que mudou para sempre a história do homem, em antes e depois do seu nascimento. Com fé, ou sem fé, os humoristas do filme acordarão amanhã em um calendário Cristão seguido por toda a terra. Ou seja, o simples nascimento do dia de amanhã, louvará Jesus em sua contagem cronológica. E este é apenas um dos motivos que prova, sem fé, a importância de Cristo acima de todos, e portanto, por simples bom senso, não se deve fazer piada sobre Ele. Ainda assim, a verdadeira história de Jesus, mostra que quando ofendido Ele oferece a outra face e pede que sejam perdoados.

No fim, quanto à música e o filme, os próximos 300 anos dirão quem será lembrado.


¹Embora Bach seja frequentemente citado como o autor da melodia, o crédito é de Johann Schop; A melodia foi publicada pela primeira vez em 1642 com o texto do hino de Johann Rist “Wach auf, mein Geist, erhebe dich” (Acorde, Meu Espírito, Eleve-se). Em 1661, Martin Janus escreveu um novo texto para a música, com dezenove estrofes, intitulado “Jesu, meiner Seelen Wonne” (Jesus, a bem-aventurança da minha alma). Bach tomou as estrofes seis e dezessete deste hino, harmonizou-as, orquestrou-as e colocou-as como os fechamentos para a parte um e a parte dois, respectivamente, de sua cantata Herz und Mund e Tat und Leben (coração e boca, ação e vida, BWV 147), a qual se popularizou.

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